domingo, 10 de julho de 2011

Silverchair


O álbum Diorama (2002) marca uma grande mudança na sonoridade da banda, que começou tocando um grunge pungente e respeitável, e posteriormente, como uma espécie de maturidade musical, passou a incorporar outros elementos, dentre os quais o mais importante é possivelmente a "orquestra". Presente em algumas faixas do álbum anterior, Neon Ballroom (1999), a musicalidade da banda passou a ser totalmente determinada por sua interação com melodias próximas a dos musicais do cinema e trilhas sonoras da Disney, que por sua vez possuem uma espécie de "narrativa sinfônica", a qual acompanha e ajuda a desenvolver a estória . Uma mudança e tanto, que pode não ter agradado a todos os fans, mas que proporcionou a conclusão de um belíssimo álbum. Diorama pode ser considerado um álbum temático, onde as músicas estão amarradas entre si. A psicodelia também foi essencialmente determinante na estética visual e sonora, de tom alegre e ao mesmo tempo sombrio, que em vários momentos nos remete a Sgt. Pappers, Led Zepellin, bem como a nossa memória auditiva familiarizada com trilhas de filmes e desenhos.


Young Modern (2007), o álbum seguinte, começou com "Straight Lines", uma música de trabalho bastante suave e pop, com algo que lembrava aquelas músicas de seriados americanos. A sonoridade do resto do álbum, a grosso modo, revelava uma grande semelhança com Diorama: um tema envolvendo as faixas, a psicodelia, a orquestra. Mas quando examinado mais de perto, com mais tempo - e bons ouvidos -, Young Modern consegue demonstrar que não se trata apenas da continuidade de algo que já deu certo, ou da mera reprodução de um novo estilo. Há no álbum a grande conquista entre muitas bandas, que é a renovação musical. Neste último álbum, não se encontra mais o resquício da distorção pesada e o vocal raivoso de "Freak", um grande sucesso da banda que durante muito tempo poderia representar sua identidade grunge, herdada do Nirvana, e que ainda estava presente em faixas como "Anthem for the Year Two Thousand", do álbum New Ballroom, e "One Way Mule", de Diorama. A estética visual e musical traz sim, novamente, os mesmos elementos, mas de forma diversificada: a psicodelia faz outras referências, utiliza outras cores, como se pode notar na arte de capa dos dois álbuns. Young Modern é menos inefável, onírico, do que Diorama; traz um aspecto mais geométrico, modernoso, e talvez mais desafiador; brinca com blues, viradas a la Ringo Star e pintores do séc. XX. 

Para aqueles que se dedicarem a ouvir estes dois álbuns, asseguro uma experiência musical bastante válida, e agradabilíssima.

Young Modern download  (Easy-Share)

3 comentários:

  1. São dois álbuns geniais! O que acontece, inclusive desde a última década, é a falta de atenção do público (inclusive fãs antigos) com uma música mais complexa e de qualidade. Tanto os meios de comunicação quanto as bandas "salvadoras do rock" pregavam a simplicidade em primeiro lugar. Simplicidade essa que estava presente nos dois primeiros álbuns do Silverchair, e que talvez tenha sido um dos motivos pelos quais o reconhecimento dessa mudança tenha sido tão significativamente "bloqueado" pelos fãs, o que culminou no fim dessa fantástica banda esse ano. Parabéns pelo post e pela visão rica em detalhes, inclusive sobre as capas e o que elas denotam! Abraços!

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  2. Boa! Não conheço esses álbuns referidos! Vou dar uma escutada!

    Rodrigo Lima

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  3. Ah! Gostei do lance da assinatura!

    Rodrigo Lima

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